PROFISSÃO EM EXTINÇÃO

Caros amigos,

Eu me sinto extremamente triste com os rumos que a educação vem tomando em nossa cidade de Belo Horizonte. Os professores da educação infantil, que é o carro chefe das propagandas e é a menina dos olhos desta prefeitura, são desrespeitados pelos órgãos competentes. Nós trabalhamos com turmas superlotadas. Somos responsáveis pela parte pedagógica e até mesmo pelo cuidar. Grande parte das famílias esquecem que "educação vem de berço", ou seja, passam adiante tarefas simples que são de suas competências. Algumas crianças que chegam até nossa sala de aula não possuem nenhum limite. E o que mais nos assusta é que fazem de tudo para que suas VONTADES sejam atendidas ( batem nos colegas e professores, mentem, destrõem materiais...) , pois dentro de seus lares TUDO É PERMITIDO por seus pais ou responsáveis. Hoje existe uma INVERSÃO de papéis dentro das famílias, ou seja, quem MANDA são as crianças e os pais obedecem. Vejam bem, estamos falando da educação infantil , onde crianças da idade de 2 anos até 5 anos e 8 meses mantêm "total domínio" de suas famílias. Então, imaginem quando forem adolescentes? O pior é que quando os pais ou responsáveis por estas crianças são chamados à escola para saber a real situação de seus filhos, se sentem indignados e querem até mesmo agredir os professores. Não pensem que esses acontecimentos são casos isolados, porque são a realidade de muitas UMEIS na nossa cidade ( UMEI =Unidade Municipal de Educação Infantil ). Estes só não são divulgados na mídia porque os professores(as), na concepção de algumas famílias e desta prefeitura de Belo Horizonte são meros capachos. Até quando veremos excelentes professores exonerarem no cargo de educador infantil porque não aguentam mais tanta agressão ( psicológica e física) , condições indignas de trabalho e um salário que os obriga a trabalhar em até 3 turnos? Nós professores da educação infantil, mesmo que tenhamos MESTRADO e DOUTORADO, continuaremos a receber o salário de R$ 850,00 que é o que a prefeitura oferece aos seus educadores infantis ( mudaram até a nomenclatura do cargo para pagar um salário inferior ao dos professores- PI e PII, que é praticamente o dobro do que recebemos). Mesmo com todas estas injustiças, o nosso trabalho apresenta um alto indíce de qualidade. Nós fizemos uma grave que durou 16 dias ( entre os meses de março e abril) e a prefeitura prometeu um "aumento "de 8% dividido em 2 vezes ( a primeira parcela seria em abril e a segunda em setembro desde ano de 2010) só que até a presente data não recebemos nenhuma parcela de aumento salarial. Em dezembro de 2009 foi votado um projeto na Câmara Municipal onde os professores que não tiverem nenhuma falta( justificada ou não,) receberão uma premiação no final de cada ano, ou seja, temos que esquecer de nossas famílias, e até mesmo não poderemos jamais adoecer, caso contrário não receberemos o tal abono. A prefeitura pensa que o professor não é um ser humano e sim um mero robô. Então eu lhes pergunto: Isto é valorizar e respeitar esta classe de trabalhadores que luta pela formação de seres humanos, para que estes se tornem cidadãos conscientes de seus direitos e deveres? Estamos em uma profissão fadada a extinção, pois num país onde o futebol é mais importante que a EDUCAÇÃO E SAÚDE vamos esperar mais o quê?

Luciene Rubim